Em breve, ao longo de 12 dias, 720 voluntários passarão pelo teste do pesadelo de todos os viajantes aéreos: uma evacuação de emergência.
Os testes serão realizados em novembro no Instituto Médico Aeroespacial Civil da FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA), em Oklahoma City, e as autoridades usarão os resultados para coletar 3.000 pontos de dados.
Eles usarão essas informações, conforme determinado pela nova autorização da FAA do ano passado, para determinar quão pequenos os assentos dos aviões podem ser com segurança e quão próximas as filas de assentos podem estar umas das outras. De acordo com os regulamentos federais, os aviões devem ser evacuados em 90 segundos em caso de uma emergência.
Em um comunicado, a agência disse que era necessário “emitir regulamentos para estabelecer dimensões mínimas para a largura, comprimento e altura do assento do avião para a segurança dos passageiros”. Mas a declaração não se comprometeu com nenhuma alteração, dizendo que a FAA planeja concluir os testes de evacuação até o final do ano para “determinar quais mudanças regulatórias são necessárias, se houver alguma, para implementar o requisito”.
Mas, segundo o Washington Post, já tem defensores da segurança se preparando para notícias potencialmente ruins.
“Um resultado ruim seria que eles mantivessem os assentos essencialmente como estão ou até permitam que eles diminuam ainda mais”, diz Paul Hudson, presidente da organização de consumidores Flyers Rights. “Um bom resultado seria exigir que os assentos e o espaço dos passageiros fossem dimensionados para acomodar os perfis demográficos que temos agora”.
O vice-administrador da FAA, Daniel Elwell, apresentou alguns detalhes dos testes para membros do Congresso em uma audiência na semana passada, e várias pessoas quiseram ter certeza de que os testes incluiriam voluntários que se assemelham ao público real das viagens.
“Onde você vai conseguir essas pessoas?”, perguntou o deputado Steve Cohen. “Você não vai para o Slim Fast, vai?”
Elwell respondeu: “Vamos tentar usar uma boa amostra demográfica e talvez convidaremos você”.
Cohen disse que seria bom, citando sua perna ruim. Ele acrescentou: “Você tem pessoas maiores neste país, e também tem pessoas com deficiência que voam. Precisa ter uma amostra representativa”.
O deputado Peter A. DeFazio, Presidente do Comitê de Transporte da Casa, disse que o espaço nos aviões está diminuindo. Algumas empresas de baixo custo oferecem 28 polegadas (71 cm) de pitch (a distância entre o ponto em um assento e o mesmo ponto no assento de trás).
“Quero trazer os CEOs (presidentes das companhias aéreas) aqui algum dia e vou conseguir alguns desses assentos”, disse ele durante a audiência. “E eu vou colocá-los neles, e vamos mantê-los aqui por quatro ou cinco horas e ver o que eles pensam sobre o que estão fazendo com as pessoas.”
Ed Coleman, professor assistente de ciências da segurança na Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, disse que a FAA deveria estudar a população da aviação antes de fazer os testes e basear nisso a demografia de seus voluntários. E, disse ele, esses voluntários não devem estar cientes com antecedência dos cenários de evacuação em que terão que participar.
“Estamos voando os aviões muito perto da ocupação máxima”, disse ele. “No passado, não voávamos com mais de 90% da capacidade, então havia um pouco de espaço extra”.
E ainda há a questão do pitch. A Flyers Rights (Associação dos Direitos dos Passageiros) argumentou em uma petição de 2015 que naquele momento o pitch médio dos assentos já havia diminuído de 35 para 31 polegadas (88,9 cm para 78,7 cm).
“Hoje em dia, meus joelhos estão no encosto do banco na minha frente sempre que entro em um avião”, diz Coleman. “Eu vou conseguir sair em 90 segundos? Eu tenho minhas dúvidas.”