O piloto russo de um avião que pegou fogo após um pouso duro, resultando na morte de 41 pessoas, foi acusado criminalmente e pode enfrentar sete anos de prisão.
O avião da fabricante russa Sukhoi, modelo SSJ-100, mais conhecido como “SuperJet” e semelhante aos jatos comerciais da Embraer, era pilotado pelo comandante Denis Evdokimov quando foi atingido por um raio logo após a decolagem.
Ao retornar para o aeroporto logo após a ocorrência, o piloto fez um pouso duro (quando a aeronave toca o solo com mais força do que o que seria normal) que culminou com um incêndio catastrófico, que rapidamente tomou conta da aeronave.
Desde então, o modelo da Sukhoi passou a sofrer críticas sobre sua qualidade e segurança, e um embate vem sendo travado entre fabricante e autoridades russas e a defesa do comandante.
As imagens gravadas em vídeo mostram o pouso de emergência brusco do SuperJet 100 e o momento em que o fogo se iniciou na aeronave Aeroflot, em 5 de maio no Aeroporto Internacional Sheremetyevo, em Moscou.
Os comissários de bordo da Aeroflot fizeram um grande trabalho e salvaram dezenas de pessoas a bordo, conforme seus treinamentos, mas a evolução rápida do incêndio não permitiu que todos a bordo fossem salvos.
Agora, com a investigação técnica da autoridade aeronáutica ainda em andamento, os promotores culpam criminalmente o altamente experiente comandante de 42 anos pela catástrofe.
Segundo Svetlana Petrenko, porta-voz do Comitê de Investigação da Rússia, “Ações de Evdokimov violaram os regulamentos existentes e levaram à destruição e explosão. Como resultado, 40 passageiros e um membro da tripulação foram mortos e (dez) outros ficaram gravemente feridos.”
Os promotores, que querem uma prisão de até sete anos para Evdokimov, impuseram acusações criminais contra o piloto antes mesmo de o relatório final do acidente ser concluído.
Alegações após o acidente diziam que o comandante não havia treinado adequadamente para voar e pousar manualmente o SuperJet, já que a maioria dos voos era por piloto automático.
Fontes da investigação alegaram que o comandante acelerou perigosamente a aeronave imediatamente antes do pouso e, além disso, colocou-a em uma razão de descida muito alta quando forçou o nariz do avião para baixo na tentativa de colocá-lo logo no chão.
O especialista em aviação e ex-designer da Sukhoi Design Bureau, Vadim Lukashevich, disse que o raio “causou problemas”, mas “eles não foram críticos”.
Ele disse:
“Eu acredito que essa catástrofe é uma consequência de um conjunto de erros de pilotos que começaram a partir do momento em que um raio atingiu o avião.
A decisão de retornar (para um pouso de emergência) foi correta. Mas então os pilotos tiveram que se lembrar de que realmente são pilotos e tiveram que pilotar o avião da maneira que era normal para a aviação internacional 40 anos atrás, sem piloto automático.
Que eu saiba, o comandante da aeronave Denis Evdokimov, que voou mais de 1.400 horas no SSJ-100, nunca pousou no Modo Direto (totalmente manual).
Eles estavam pousando normalmente, como planador, mas empurraram o nariz para baixo e aumentaram a velocidade antes de pousar….
Foi uma sorte que o trem de pouso dianteiro não tenha quebrado. Se isso acontecesse, as consequências teriam sido ainda piores.
Eu acredito que o incidente é o resultado de um erro de pilotagem. O avião caiu da altura de um prédio de três andares. Nenhum avião comercial existente hoje teria resistido a tal pouso.”
O piloto sênior Denis Okan – ex-instrutor e examinador da segunda maior companhia aérea do país, a S7 – alertou que os pilotos não têm prática suficiente em pousos manuais.
“Este não é um problema apenas das companhias aéreas russas”, disse ele, “É um problema global.”
Evdokimov não comentou as acusações contra ele, e seus advogados de defesa entrarão com recurso na justiça.
Sobre o acidente, o comandante disse anteriormente:
“Perdemos a comunicação via rádio por causa de um raio. Não tivemos comunicações de rádio durante o pouso.
A velocidade de pouso não era alta, mas normal e tudo foi feito conforme o manual de voo. Nós gentilmente nos aproximamos do chão, desacelerando.”
O fogo se iniciou quando o avião já estava no chão e Evdokimov afirma que as chamas se espalharam pelo seu interior porque alguém abriu uma porta traseira de emergência sem autorização.
Uma fonte familiarizada com o caso disse que a defesa de Yevdokimov solicitou um exame extra do design do trem de pouso e da inflamabilidade dos materiais do interior do avião. “Além disso, os sistemas de controle elétrico do avião serão testados”, acrescentou.
Informações pelo Mirror Online e pela agência de notícias Tass.