Em setembro último revelamos aqui que o Boeing 777X teria sofrido um incidente explosivo durante um teste de pressurização, que fazia parte dos testes de certificação do novo modelo. O fato agora se confirma ainda mais grave do que parecia, em imagens vazadas da Boeing hoje.

Quando a notícia veio à tona, surgiu muita especulação sobre o que teria acontecido, se aconteceu mesmo e para alguns era apenas algo já previsto no teste (o que não é verdade, já que o fabricante espera que os testes sejam bem sucedidos, comprovando as previsões de projeto).
Dias depois, a Boeing acabou emitindo uma nota sobre o fato, confirmando as notícias preliminares: “O problema ocorreu durante os minutos finais do teste, quando aproximadamente 99% da carga já havia sido aplicada sobre a asa, e envolveu uma despressurização na fuselagem traseira”, afirmou a fabricante.
Ninguém ficou ferido durante o teste, que estava sendo acompanhado por oficiais da FAA, a agência de aviação civil dos EUA. Mas as dúvidas ficaram sobre o tamanho do dano, e como aconteceu, já que a fuselagem do 777X é a mesma dos anteriores 777-200 e -300.
O teste de stress
O teste de stress de fuselagem é feito para comprovar que a aeronave aguenta o nível de diferença de pressão entre o lado interno pressurizado para passageiros e o lado externo com pressão muito menor, já que a pressão atmosférica se reduz à medida que a aeronave sobe.
Este nível é calculado pelos engenheiros durante a elaboração do projeto da aeronave, que sempre deve aguentar um diferencial de pressão bem acima do que o avião irá enfrentar na vida real, gerando uma margem de segurança.
Com isso, a Boeing começa a pressurizar a aeronave em solo até o nível máximo definido pelo projeto, e mantém assim por um tempo que pode durar de diversos minutos até horas, testando realmente se a fuselagem se comporta como esperado.
Mas não saiu como previsto
Porém, neste teste do 777X a fuselagem acabou não suportando o diferencial de pressão por motivo ainda não conhecido, e acabou tendo uma descompressão explosiva que resultou em um rombo na parte traseira inferior da fuselagem, próximo da (se não na) porta de carga traseira.
A boa notícia para a Boeing é que o incidente ocorreu quando o teste estava 99% concluído e o avião já teria “passado” nesta prova, sendo que provavelmente não terá necessidade de ter uma “segunda chamada”, segundo reportou Dominic Gates do Seattle Times.
A Boeing informou novamente que está investigando o caso, e que ele não terá impacto no design da aeronave e tampouco no cronograma para o primeiro voo, que deve ocorrer no primeiro semestre de 2020.