Apesar de 10 anos de desenvolvimento e um grande apoio de empresas estrangeiras, os esforços da China para entrar nos mercados ocidentais com um avião nativo continuam a progredir lentamente.
Isso porque a COMAC tem enfrentado dificuldades em seus esforços para alinhar o ambicioso projeto C919 com os requisitos da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA).
De acordo com um oficial da COMAC que falou sob condição de anonimato, os engenheiros começaram a reavaliar o projeto do cockpit do C919 para atender à Parte 25.1302 das FAR – Federal Aviation Regulations (Regulamentos de Aviação Federais) da FAA.
“A seção 1302 é bastante rígida em fatores humanos e necessária para a certificação FAA, mas não é exigida pela agência chinesa CAAC”, disse o oficial. “Então, agora há um conflito para definir se o C919 precisa atender ao requisitos 1302 ou não. Mas se a COMAC quiser vender aeronaves fora da China…há sempre o debate constante de quanto dos requisitos precisam ser cumpridos, juntamente com quantas mudanças de projeto são necessárias e quanto dinheiro precisa ser gasto.”
Os desafios da COMAC em atender aos procedimentos de certificação necessários para permitir a venda nos EUA refletem um problema maior que assola o fabricante aeroespacial, ou seja, o conhecimento técnico.
Embora especialistas estrangeiros na China transfiram conhecimento de fabricação e capacidades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), existem problemas de comunicação, má interpretação dos requisitos da FAA e habilidades locais limitadas que têm atrasado significativamente o progresso.
Os desafios vão se tornando mais evidentes à medida que o C919 continua a passar por mais testes em suas instalações em Xangai. De acordo com o oficial da COMAC, a equipe enfrentou reveses repetidos devido a mudanças de design e à falta de experiência local.
“Como sempre, eles estão aprendendo, o que significa que vai demorar mais”, disse ele. “Não é como se você estivesse trabalhando com a Airbus ou a Boeing, que pode passar por esse processo dentro de um período de 18 meses. Você precisa levar em conta a curva de aprendizado.”
Enquanto a COMAC se move lentamente para melhorar suas capacidades tecnológicas globais, os atrasos repetidos e a dependência de assistência externa permanecerão por algum tempo. Assim, qualquer esperança de desenvolver motores modernos como alternativas nacionais aos motores CFM Leap-1C do C919 levará pelo menos mais 15 anos.
Embora as joint ventures com empresas estrangeiras possam servir como veículos eficazes para a transferência de conhecimento, as empresas estrangeiras reconhecem a necessidade de proteger cuidadosamente sua propriedade intelectual e tecnologias, talvez comprometendo a colaboração necessária para atender à meta de primeira entrega da COMAC em 2021.
Informações pelo Aviation International News.
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